terça-feira, 22 de outubro de 2013

Ler bons livros: Melhor forma para manter a mente ativa

Se você for um leitor voraz, sua mente não será a única beneficiária. Os efeitos positivos do hábito da leitura provavelmente recairão também sobre os seus amigos e seus familiares. Ler, particularmente livros de narrativa, pode melhorar nossa capacidade empática, como demonstra recente estudo norte-americano.

A habilidade de se conectar com as emoções dos outros, intuindo as suas convicções e antecipando os seus desejos, é conhecida como importante teoria da mente. Alguns pesquisadores da New School for Social Research em Nova York quiseram verificar se a experiência de leitura de situações literárias desenvolvidas em romances com personagens complexos e de personalidade multifacetada efetivamente melhora a nossa capacidade de entrar na pele do próximo.
Os cientistas recrutaram três grupos de voluntários que se dedicaram a três tarefas diversas: o primeiro grupo teve de ler textos narrativos de alta qualidade, todos eles agraciados com o prestigioso prêmio literário norte-americano National Book Award; o segundo teve de ler trechos de bestsellers vendidos online (histórias com personagens bastante "rasos" inseridos em situações de sabor popular e mundano); ao terceiro grupo nada foi dado para ler.
A todos, depois, foi solicitado identificar as emoções escondidas atrás de algumas expressões faciais: um teste de empatia no qual os que tinham lido romances mais "empenhados" obtiveram claramente os melhores resultados.

Os livros são necessários

O estudo dos resultados estimulantes deixou, no entanto, algumas dúvidas em suspenso: quais são, por exemplo, as situações contidas no fio narrativo que fazem – realmente – a diferença? Pode ser, perguntam alguns pesquisadores, que se trate simplesmenteforma para manter a mente ativa do maior esforço cognitivo empregado para enfrentar uma leitura "culta" o fator que incrementa também as capacidades relacionais.
A pesquisa, de qualquer modo, ressalta a importância de se viver no seio de uma comunidade que promova a leitura. Ler, sem dúvida, melhora as capacidades empáticas da pessoa.

Os "ratos de biblioteca" permanecem jovens

Outra importante pesquisa, também norte-americana, soma-se à que foi comentada acima e demonstra que a leitura e a escritura mantêm à distância o espectro da deterioração cognitiva.
Confirma-se pela enésima vez que a natureza não perdoa: no mundo natural, que é o mundo em que vivemos, tudo aquilo que não é usado apodrece ou se deteriora. No plano humano, essa verdade vale para todos os níveis da nossa existência: físico, sexual, emocional, mental, etc.
Se para evitar a deterioração do corpo físico existem as longas caminhadas, as piscinas, a ioga e a ginástica, para manter o cérebro em ação e bem treinado nada é melhor do que a prática diária da leitura e da escritura. O hábito de desafiar o cérebro com atividades estimulantes afasta e retarda o surgimento dos processos de declínio cognitivo. Isto é o que revela um amplo estudo norte-americano publicado na revista Neurology. Esses resultados confirmam aquilo que o senso comum já conhece há muito tempo.

Pensamento e memória

O estudo foi desenvolvido por um grupo de pesquisadores do Rush University Medical Center de Chicago. Esses neurocientistas monitoraram, através de uma bateria de testes, as atividades de pensamento e memória de 294 indivíduos de idade avançada. Os voluntários, que foram seguidos durante cerca de 6 anos, tiveram de responder um questionário a respeito dos seus hábitos de leitura e de escritura durante a juventude, a idade adulta e a velhice.
Depois da morte dos voluntários, acontecida a uma idade média de 89 anos, os cientistas examinaram através de uma autopsia os seus cérebros para identificar sinais fisiológicos de demência, como lesões, placas e aglomerados neurofibrilares (depósitos proteicos que se acumulam sobre as fibras nervosas). Tais anomalias são muito comuns em pessoas de idade avançada e podem causar importantes déficits de memória e de cognição.
Nos pacientes que sofrem de Mal de Alzheimer essas placas, devido a uma proteína chamada betamiloide, se depositam progressivamente sobre os neurônios tornando-os incapazes de transmitir impulsos. Alguns pesquisadores creem que esse mesmo processo pode ser uma das causas prováveis de doenças escleróticas e autoimunes como a esclerose múltipla.


Diferenças impressionantes

Os pacientes acostumados às atividades intelectivas mostraram uma taxa de declínio cognitivo 15% mais lenta em relação a quem cultivou menos os hábitos de ler e escrever.
Em particular, ficou evidente que manter um alto ritmo de leitura até mesmo em idades avançadas reduz o declínio da memória de 32% em relação à norma. Quem, ao contrário, abandona (ou quase abandona) o hábito de ler e escrever com o passar dos anos, corre o risco de uma piora da memória 48% mais rápida do que os que se mantêm ativos e em treinamento. Os dados foram ajustados também com base nas diversas quantidades de placas e aglomerados encontrados durante as autopsias. Em outras palavras, ao lado dos fatores físicos que causam demência senil, calculou-se também o peso da atividade cognitiva na prevenção e deterioração das faculdades cerebrais.

"A pesquisa confirma que tudo aquilo que, instintivamente, os muitos familiares proporcionam a seus doentes de Alzheimer funciona realmente para impedir ou retardar o avanço da doença", comenta a médica Patrizia Spadin, presidente da Associação Italiana para a Doença de Alzheimer. "Claro – continua Patrizia Spadin – a atividade 'formal' de reabilitação cognitiva conduz a resultados mensuráveis e comprovados. Mas também encontrar-se com amigos, dar um passeio, viajar, praticar um esporte, ler um bom livro, fazer palavras cruzadas e comer de modo sadio, além de influenciar positivamente o estado de humor, beneficia as células cerebrais e, portanto, a mente. Para quem se sente impotente em face de uma doença tão devastadora como a demência, é fundamental saber que essas armas existem, funcionam e devem ser usadas na batalha contra a deterioração cognitiva.

Fonte: Revista Digital 247 

O hábito de leitura e sua saúde



Os benefícios da leitura e os impactos diretos na saúde de quem lê.

Todos os dias recebemos uma avalanche de informações sobre saúde, principalmente a saúde do corpo: alimente-se bem!, exercite-se com frequência!, beba água!, entre outras. Todos almejam sentir-se bem e ter bons hábitos faz parte disso. É exatamente esse o assunto que abordaremos aqui, dessa vez sob um enfoque não muito habitual, a respeito de uma prática que, apesar de todos os benefícios, poucas vezes é associada à saúde: a leitura. Se você chegou até aqui: parabéns! Você já está praticando!

A escrita possibilitou o registro do pensamento humano e o acesso às ideias de outrem. Marcou o fim da pré-história e, desde então, alicerça a evolução do homem, permitindo que o conhecimento acumulado seja passado de geração em geração. Os registros, inicialmente gravados nas paredes das cavernas, evoluíram do papiro ao papel, até chegar ao meio digital. Hoje, os meios de acesso à informação são os mais diversos, entre eles: livros, filmes, computadores, internet. Os três últimos, por oferecerem uma interação mais dinâmica e que não exige grandes esforços, representam forte concorrência à prática da leitura.

Um exemplo disso é o fato de muitas pessoas optarem por ver o filme ao invés de ler o livro. Ao tomar essa decisão, têm acesso à imagem projetada na tela, imaginada por outra pessoa e disponibilizada dentro dos limites permitidos pelos recursos utilizados. Por outro lado, aquelas que optam por ler o livro, constroem as imagens de acordo com o seu próprio universo e vivência, de forma única, ilimitada.

Dificilmente a película supera as imagens criadas pela mente. Estudos mostram que o tipo de imaginação gerada quando se lê um livro é muito diferente da imaginação gerada ao assistir um filme. A leitura estimula a imaginação, a criatividade, a compreensão do mundo e a autocompreensão. Por isso, quem lê o livro e depois assiste o filme, geralmente se frustra.

Tem mais: a leitura enriquece o vocabulário, leva a uma melhor escrita, aumenta a capacidade de organizar as ideias e, consequentemente, de expressá-las, estimula a memória, estimula a criatividade, eleva a autoestima. Tantos benefícios exercem impacto direto na saúde e no dia a dia de quem lê, influenciando desde a capacidade de raciocínio e comunicação até a qualidade do sono. A leitura abre portas para novos mundos, dá acesso a outras formas de pensar, permite uma viagem sem sair do lugar.

Aquele que não possui o hábito de ler pode começar por publicações periódicas, tais como jornais e revistas. Textos na internet também são uma boa opção. Para dar início, escolha aquela que se encaixe com o seu perfil, que vá de acordo com os seus gostos e interesses pessoais e, sobretudo, que proporcione algum grau de satisfação. Para a prática da leitura, não há tempo nem idade certos e não há contraindicação. O importante é dar o primeiro passo.

Portanto: alimente-se bem, exercite-se regularmente, beba água…e leia!

Autora: Luciana Ribeiro é Brasiliense. Graduada em Biblioteconomia pela Universidade de Brasília. Pós-graduada em Gestão Estratégica da Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Via: Revista Biblioo - Cultura informacional

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